quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A paciência oriental Dr. Eduardo de Souza Ramos












Há poucas semanas, o empresário Eduardo Souza Ramos passou longas horas em reunião com os principais executivos da Mitsubishi, em Tóquio.  A finalidade era obter permissão da montadora para produzir pelo menos três novos modelos de veículos da marca no Brasil. Ele ainda aguarda o resultado, mas está confiante de que conseguiu convencê-los de que o potencial do mercado brasileiro comporta uma oferta maior de modelos.  Para essa longa apresentação, Souza Ramos carregou um arsenal de informações, elaborada com a ajuda de consultores do mercado financeiro. O relato foi dividido em duas partes. Na primeira o empresário abordou os aspectos econômicos do país. A segunda foi dedicada ao mercado automotivo. Um dos executivos japoneses que perdeu parte da apresentação teve direito a reprise.
Faz 17 anos que Souza Ramos convive com o modo paciente com o qual os japoneses tratam os negócios e a vida. Esse é o tempo que ele representa a Mitsubishi no Brasil. E parece bastante familiarizado com essa característica oriental.  Apesar de tratar os negócios com seriedade, costuma defender que é preciso estar atento aos demais encantos da vida. Fã das competições com veículos e outros esportes, Souza Ramos chegou na fase dos pouco mais de 60 anos com uma vida equilibrada entre o trabalho duro e a convivência com a família e o lazer.  Já faz algum tempo que ele passou o comando da área operacional da empresa ao seu sócio, Paulo Ferraz, hoje presidente da Mitsubishi no Brasil. Souza Ramos é o presidente do conselho e grande estrategista da companhia.  Muita gente não acreditava que um brasileiro poderia ser o próprio dono de uma fábrica de carros quando Souza Ramos lançou o projeto, em meados dos anos 90. Em setembro de 1998, o prédio foi inaugurado em Catalão, em Goiás.
Seguindo o estilo dos orientais que ele representa no país, o empresário nunca fez muito barulho em torno das expansões que, pouco a pouco, foram aparecendo no projeto industrial que nasceu com uma área construída de 14 mil metros quadrados. Hoje já há construção em 96 mil metros quadrados. Com 3 mil funcionários hoje, a fábrica da Mitsubishi começou a operar com a produção de 100 veículos por mês. Agora são 165 por dia. Dali saem quatro modelos da linha para carga leve e utilitários esportivos, incluindo o primeiro com tração nas quatro rodas movido a etanol, um dos orgulhos dos japoneses.

Por Valor Econômico - SP - Junho - 2008